"A tradição fala-nos de quatro encontros que finalmente abalaram o contentamento do bodhisattva com a sua vida de prazer.
O príncipe tinha um cocheiro chamado Chandaka que costumava utilizar para o levar nas saídas ocasionais. Essas saídas eram bem orquestradas por aqueles a quem Shuddhodana havia incumbido de servirem o príncipe. Tinha-se sempre o cuidado de limpar e decorar o caminho e em especial de remover tudo quanto fosse feio e desagradável que pudesse perturbar a disposição do príncipe.
Um dia, quando o príncipe tinha quase trinta anos, ordenou a Chandaka que o levasse a um jardim particular para aí passar a tarde. No trajecto, junto da estrada, encontraram um homem curvado de idade. Tinha o cabelo branco e ralo, o rosto curtido, os olhos vermelhos. As mãos tremiam-lhe e a sua caminhada era insegura, ao avançar apoiado num pau. O príncipe perguntou a Chandaka: quem é este homem? Os cabelos da sua cabeça não se parecem com os das outras pessoas. Os seus olhos sao também estranhos e ele caminha de uma forma singular.
Chandaka respondeu: senhor, este é um velho. Está assim por causa do efeito que o tempo exerce sobre todos quantos nascem. O que este homem tem são as aflições da velhice que nos aguardam a todos. A pele seca e enruga, o cabelo perde a cor e cai, as veias e as artérias tornam-se rijas, a carne perde a sua flacidez e forma. Somos afligidos pela dor. Os nossos olhos ficam abertos e tornam-se vermelhos. Os nossos restantes sentimentos enfraquecem. De facto, à medida que o tempo passa, todo o nosso corpo se esgota com a pouca força que lhes resta, pouco mais que suficiente para nos movermos, como vedes que acontece a este velho.
Quando o Príncipe ouviu esta explicação, ficou assustado e preocupado. Em vez de dirigir ao jardim como havia planeado, ordenou a Chandaka que desse meia volta e regressasse ao palácio. " ( Pag 23,24)
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